quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Mito da Responsabilidade

.
.
É nessas horas que procuro me mudar de corpo.
É nessas horas que eu nao encaixo dentro de mim.
No esquecimento das minhas partes responsáveis, quase ambicioso, guardo minhas emoções.. cultivo como flor, colho com malícia, divido com outrém.
Das minhas lágrimas virei refém.
Me pergunto lamentavelmente à que me resumo nos meus dias de máquina, e dentro de mim arma o conflito: em qual dos meus mundos quero a longo prazo viver?
no que digo e expresso o que penso, ou no que é meu dever?
Rasgo essa pele que me cobre. Mofada. Ao mexer nos fungos, eles iniciam o mal-cheirar.
Fora da carapaça respiro fundo, tento responder
essa pergunta que no conflito só se deixa perdurar.

E assim termino tal poema, com fome, insatisfeito.
Depois de tanto tempo prendendo tal pensamento, mesmo que eu o escreva, mesmo que eu o grite, mesmo que eu o destrua com o tempo, nao consigo afastá-lo do meu peito.


(Guilherme Reis Holanda)

Nenhum comentário: