sábado, 31 de julho de 2010

elas

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me mortifico;
vejo graça naquilo que antes não havia necessidade.
me divirto;
lembro do que diziam:
entenderás assim que chegar a uma tal idade.

em mim, conflito;
não sei se elevo ou se afundo.
então, reflito;
me sinto quase à sete palmos
mas também por cima do mundo.


(Guilherme Reis Holanda)

versos frustrados

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existiria algo mais mortal
cruel
que a falta da criatividade?

uma forma de se expressar,
particularmente,
acho que cada um tem que alcançar
pra não morrer tropeçando no meio-fio da cidade.

em um ato de desespero
boto meia duzia de palavras trocadas
frias
nesse pedaço de papel.

tenho medo de me calar.
tenho medo de nao estar lá
quando for necessário que eu mande um grito alto lá do céu.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

intantâneos sentimentos

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Era um meio cigarro fumado,
jogado no chão, apagado,
sujo com uma marca de batom.
Me perguntei de quem seria tal artemanha.
Me invadiu uma sensação estranha.
Me veio um sentimento bom..
Como poderia ter tanta ternura
Se, usando tal produto, só imagino uma mulher impura?
Seria por causa, da cor dos lábios, o tom?
Segui sem conseguir ouvir o som da estrada.
Dessa mulher, sei absolutamente nada.
Mas me encantou com meio cigarro fumado,
jogado no chão, apagado,
sujo com uma marca de batom.

(Guilherme Reis Holanda)

2010.2

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estava eu andando por uma dessas florestas de galhos retorcidos.
como flores, se penduravam idéias e sonhos esquecidos.
me pus a observar.
a tristeza me incendiava por não vê-las florecer..
me briguei, me bati, me fiz entender..
não era aonde deveriam estar.

surgiu se esquivando das pontas agudas
um macaco desses que ouve histórias pelas mudas
e de tudo sabe um pouco. se pos a explicar.
me explicou em uma dessas linguas intendiveis por bom senso
que os sonhos e as idéias não estão ali para o que eu penso.
estão penduradas apenas pra eu me recordar.

foi daí que eu percebi a que arvore ele se referia.
eu, caminhando ali, perdido na tal floresta fria,
via e recordava dos sonhos e idéias. em mim, começaram a aflorar.
a árvore da vida está dentro de nós.
é preciso colher as sementes importantes e dar-lhes voz
pra destacar o rastro de primaveira que deixamos ao caminhar.


(Guilherme Reis Holanda)