segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

à dilacerada corda

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Logo tu, mizinha!
Logo tu que és tão simplória!
Rompeste o caule;
perdeste o jeito bailarina de dançar..
Desabracei-te pelas raízes-pernas.
Senti falta da fada que és pelas cavernas
que os tons mais graves insistem em adentrar!


(Guilherme Reis Holanda)

Fogo - Mística Deusa Criatura

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Fogo, mística deusa criatura
Te vejo enfervecente, digna de moldura.
encandecida, danças e reluzes
num singular canto celeste e tribal.
Modulas. Ebule, esquenta, frita,
escalda, derrete e liquifica.
dá forma pro que hoje conheço por mundo real.

Quantas histórias foram escritas
até o homem manusear o que tu és?
Quantas histórias foram ruídas
por livros e pessoas que arderam aos teus pés?

Há muita poesia dentre os dedos de Nero
e tantas outras que falam da quentura do inferno.
Sucumbistes navios, fábricas, cidades, matas e corações..

Destrói e Recrias.
Sintonizas na natureza;
és do ciclo fadado a transformar as criações.


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

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"uma eterna porta entre-aberta."

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a gente cresce,
a gente nota..
se prova..
se aprova!

O momento do riso..
O momento dos lábios..
Vez em quando, o da dor!

..E o dos lábios de novo!

Procurei a escrita (que tanto usas!)
pra tentar explicar nossos momentos..
Admiro suas virtudes, suas crises, suas curvas..
A sua maneira de pensar dos ferimentos!


E descobri o quanto que não se dizer..
Esse sentimento que nenhum homem conseguiu no papel por!
eu falo de ser verdadeiro amigo,
de ser um verdadeiro amante..
de viver um verdadeiro amor!

você é minha eterna porta entre-aberta!


(Guilherme Reis Holanda)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

no jardim

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sentei no meu jardim..
achei inspiração na natureza!
que beleza!
a lua de lado sorriu pra mim..
retribui o sorriso e aceitei a companhia!
o morcego q ia e vinha
fazia sons pra se achar..
junto aos outros sons, ouvi a musica no ar!
uma flor caiu e desceu bela até o grama
aonde haviam outras vivendo algum drama
por na arvore nao estar..
senti o vento passar devagar..
um barulho à esquerda me entreteu!
o que será que faz tal barulho nesse breu?
nao o temi, para ele nao me temer
e o barulho do tal bicho começou a crescer!
pelas coisas em sintonia,
espero que nenhuma mal me açoite!
descobri um sentimento que eu tinha:
não temo as criaturas da noite!


(Guilherme Reis Holanda)

domingo, 3 de outubro de 2010

irmã da vida

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"É na clareza da mente que explode a procura de um novo processo",
e justamente por eu não pensar o inverso
que te escrevo esses versos tortos!
estava eu à alguns anos atrás
procurando uma beleza nas coisas que a vida leva e trás
quando te olhei com meus olhos quase mortos!

estranha sensação de simpatia eu senti..
você quieta, meio esquisita até.. sentada ali
ja tinha herdado minha total confiança!
e depois de um tempo, com as nossas conversas,
comecei a juntar todas as peças:
nascera uma amizade mais intensa que de criança!

oportuna época foi a que se uniram nossas emoções:
corremos à galope na pista das evoluções!
meu cavalo preso ao teu. no mesmo ritmo à cavalgar..
costumo dizer que cada poema tem um clima
mas esse aqui não sei nem por que tem rima..
o que importa é que é pra ti, Clarear!


(Guilherme Reis Holanda)

emsana

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estava ali, eu, indefinível.
perdido e me achando dentro da tal mata fechada..
sentado ali, eu, desprezível.
sentindo o gosto, o cheiro e a cor da pura água..
descidi me aventurar.

subi o fluxo do rio.
um escorregão ali, um outro desvio..
como criança, estava eu aprendendo a andar!

o segredo da caminhada foi olhar pro chão.
cada pedra um desafio:
pensava na força, no modo, no equilibro de se pisar com precisão
enquanto isso, continuava a subir o rio..

calmamente, uma por vez, fiz a minha estrada.
volta e meia eu encontrava uma pedra complicada
mas elas mesmas me diziam o que fazer na situação..
usei do meu corpo tudo que podia.
a água já nao era mais totalmente fria.
da natureza, aprendi a ser um animal de estimação!


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Mito da Responsabilidade

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É nessas horas que procuro me mudar de corpo.
É nessas horas que eu nao encaixo dentro de mim.
No esquecimento das minhas partes responsáveis, quase ambicioso, guardo minhas emoções.. cultivo como flor, colho com malícia, divido com outrém.
Das minhas lágrimas virei refém.
Me pergunto lamentavelmente à que me resumo nos meus dias de máquina, e dentro de mim arma o conflito: em qual dos meus mundos quero a longo prazo viver?
no que digo e expresso o que penso, ou no que é meu dever?
Rasgo essa pele que me cobre. Mofada. Ao mexer nos fungos, eles iniciam o mal-cheirar.
Fora da carapaça respiro fundo, tento responder
essa pergunta que no conflito só se deixa perdurar.

E assim termino tal poema, com fome, insatisfeito.
Depois de tanto tempo prendendo tal pensamento, mesmo que eu o escreva, mesmo que eu o grite, mesmo que eu o destrua com o tempo, nao consigo afastá-lo do meu peito.


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

a cabra e a zebra

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Foi numa cidade do interior,
dessas que quase ninguem ouve falar,
que rolou esse tal momento deturpador..
botaram uma cabra e uma zebra pra brigar!

estavam envolvidos a zebra e seu domador
que já não tinham muito o que conversar..
a cabra, pelo seu desumilde pastor,
lutou por que ele nao tinha como a divida pagar!

..mas a história feriria sentimentos
se a cabra e a zebra fossem ouvidas..
se olhavam, cada uma de um lado esperando os momentos
que pudessem se encontrar nas suas vidas!

foi entao que chegou o dia do confronto
e os dois animais um bocado ofendidos
ficaram parados se olhando no mesmo ponto
enquanto seus donos estavam aflitos.

o sol se foi, a noite veio
e assim foram anos sucessivamente.
a cabra nao atacava a zebra e a zebra tinha receio
do que a cabra tinha em sua mente..

foram-se anos até que a zebra caiu
e com um baque forte marcou a grama no chão..
a cabra imóvel de repente sucumbiu
em absoluta e extrema imutável solidão.

a história verdadeira que ninguem sabia
é que os dois animais peludos se amavam..
e naqueles anos travaram uma conversa por telepatia
e a morte levou o amor que entre si eles nao escutavam...


(Guilherme Reis Holanda)

domingo, 5 de setembro de 2010

Conto, Deuses e Natureza

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...Era assim que contavam as histórias mitológicas:
o plano dos homens representa o material
o plano dos Deuses representa o astral
e separados assim, vivem em perfeita harmonia..
os Deuses em sua dimensão, assim digo,
batalham com feras indomaveis e nos protegem do perigo
destas feras invadirem nosso plano algum dia...

O Deus do trovão e seu justiceiro martelo
não se dão o direito de descansar por um momento..
por toda eternidade enfrentam a furia do movimento
dos Colossos de Gelo. Um infinito duelo.
A geada que é feita pelas tais aberrações
seria capaz de transformar a vida num esquecimento..
Mas nao sofremos desse tormento
Pois o tal Deus os extermima com o martelo e com canções.

Um outro Deus eficiente no seu trabalho de defesa
é o que controla a vontade dos mares...
construindo, de água, pilares e altares
auto-afirma sua soberania sobre a presa.
Luta em geral contra monstros marinhos e tritões.
Rege a lenda que já matou um polvo gigante à grito..
o seu tridente serve pra gerar um forte atrito
com aqueles que nao oferecem seus perdões.

E assim funciona o plano celestial.
campos de batalha extensos até o horizonte
são aonde os Deuses destroem bem na fonte
qualquer tipo de criatura contra a lei terrestre..
Elementais, dragões, vormes e quimeras,
Gigantes, colossos, lulas e outras feras,
São exterminados como peste..

...Mas muito não se entende sobre as malicias do mal
e lá nas profundezas do reino celestial
existe a presença de tais artemanhas...
Não se sabe por que houve tal rebeldia,
mas o Deus do fogo, da trapaça, de pele fria,
começou com certas atitudes estranhas...

Os Golens de Magma era seu dever dilacerar
mas percebeu-se que de um tempo pra cá
o seu trabalho não era feito com eficiência..
o Deus de fogo planejou e construiu uma alcova infernal
de Golens de Magma pra invadir o plano material
e acabar com a raça humana e sua demência..

A chuva de meteoros começou de madrugada
E eu sentado ali numa escada
só ouvi os estrondos causados pelas colisões...
Enquanto eu tentava entender a situação
sairam dos meteoros uma legião
de monstros em brasa do tamanho de galeões.

O fim do mundo estava anunciado
enquanto eu observava ali parado
os colossos pulverizavam toda a civilização.
foi quando se ouviu mais um barulho insurdecente
e por mais que explicar eu tente
sairam todos os Deuses de dentro de um furacão.

As essências da natureza se afloraram pelos cantos diversos
Senti-me conectado ao mundo, senti diferentes universos
Sendo aglutinados pra derrotar o inimigo mortal.
Com a combinação dos elementos,
água, fogo, terra, raios, ventos..,
O Deus do fogo e seus Golens de Magma tiveram seu leito sepultal.

E assim termina a história que contei.
Fiquei assustado, comprei outra casa, me mudei,
Não sentaria mais naquela escada com a mesma importancia...
Vendo assim o trabalho dos Deuses no outro plano
percebo o que todo mundo acha engano:
nós não somos nada. somos de extrema insignificância.


(Guilherme Reis Holanda)

sábado, 4 de setembro de 2010

Fogos da Babilônia

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o café,
a cerveja,
o trabalho,
a fome e a insônia.
E todos vendo os esfolantes fogos da Babilônia.
a mulher,
a cereja,
o orvalho,
o haxixe e outras drogas com amônia.
E todos admirando os escaldantes fogos da Babilônia.
a TV,
o estudo,
o jantar,
o sexo e a nossa transformação errônea.
E todos cegos aos brilhantes fogos da Babilônia.
o dever,
fracassar,
se matar,
responder e morrer de vergonha.
E todos bestializados com os inertes fogos da Babilônia.


(Guilherme Reis Holanda)

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

aos mendigos

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lembro daquelas manhãs iluminadas
em que passo na Primeiro de Março olhando as estruturas..
eu vejo inumeros quadros sem molduras
como fotos esperando pra serem tiradas!

As manhãs chuvosas também têm sua beleza.
Pessoas se vestem diferente...
Não há um turbilhão enfervecente..
Enquanto na livraria um café é posto na mesa.

..e toda essa beleza edifícica!
nem a razão e nem a física
explicam essa atração atipica
pelo centro da cidade...

os letreiros, os prédios, os cartazes a colorir,
os carros, os passos, os vendedores a ebulir
sempre me darão uma resposta;
não importa o tempo,
não importa a hora,
não importa a idade.


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

conto do vigário

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Como de costume, saí para minha caminhada noturna. Eram vinte e três horas. Ainda no apartamento, botei minha camisa amarela, minha calça surrada, meu sapato velho, meu casaco de calda longa e dei comida para os meus cães e gatos. Quando abri a porta, senti a brisa mórbida da cidade nas minhas entranhas. Nos becos, ouvi estupros, assassinatos e roubos. Nos bares vivi a bebida desconcertante. Nos apartamentos eu imaginei pessoas sonhando. Apenas sonhos. Como pode ver, hoje não teve nada de novo pelas ruas. Dói saber que banalizei estes absurdos.

Toda noite, enquanto observo a insanidade da nossa raça, eu leio os cartazes pregados nos postes desta cidade: Videntes, oficinas de carro, fretes, prostitutas, empréstimos, procura de animais perdidos... Faz anos que me preocupo com o último destes itens. Passo semanas procurando o mesmo animal para devolver ao seu dono. Nada neste mundo deveria ter a oportunidade de assistir à nossa podridão. Preocupo-me principalmente com gatos e cães, pois as aves podem sumir. Já os animais que não possuem um lar, eu os acolho.

Mas esta noite foi diferente. Depois de vinte e três anos vagando pela escuridão, dirigindo a minha palavra somente para animais irracionais, esta noite precisei conversar. Eu não agüentava mais a angústia de ter a escória de todos guardada somente para mim. Disquei um número aleatório no meu telefone residencial que não era usado todos esses anos. E impressiono-me como você, estranho que está me ouvindo, não desligou o telefone e me ouviu atenciosamente. Não vim trazer-te pesadelos. Apenas vim trazer-te a verdade. Obrigado pela ajuda.

O procurador de animais desligou o telefone. Levantou-se do sofá mofado e dirigiu-se às suas crias. Eram no total vinte e três criaturas. Em seus olhos, via-se a gratidão que eles tinham pelo procurador. Com a face demonstrando o cansaço de viver, o velho homem deitou na sua cama de trapos, desejou não ter nascido e adormeceu para acordar no seu próximo dia de desespero.

Distante de lá, paralisado em seu assento, estava um nomeado executivo, refletindo sobre o monólogo que acabara de ouvir no telefone...


(Guilherme Reis Holanda)

a última passeata

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... E era uma daquelas tardes em que não se sabe se o centro da cidade ferve pelo sol ou pelos passos.
A horda juvenil tropeçava pelas ruelas fazendo o turbilhão girar mais rápido do que o normal. Quem os via na rua não entendia o propósito de tal passeata. Seus olhos olhavam os vazios.
Na cabeça dos jovens andarilhos, o pensamento conflituoso sucumbia: Será que tal atitude valerá a pena? Não estarão aqui para ver o resultado. Fariam tal ato balançando na corda que, ao cair para esquerda, morria-se por ideais. Á direita, por descrença do mundo.
Quando todos se posicionaram na praça movimentada, atrapalhando a rotina dos demais, um carro com caixas de som circulou o local e estagnou do lado esquerdo dos manifestantes.
A cidade parou para assistir.
Do carro, saiu um rapaz, subiu no porta-mala com um microfone na mão. Sem demorar, se pronunciou:
- Boa tarde. Desculpe o transtorno no seu calmo dia, apesar de ser esta minha intenção.
Mais olhos pararam para assistir.
- Dirigindo até aqui, me perguntei muitas vezes se faria sentido essa nossa manifestação... Acho que sim. Depois do meu desgosto por tudo, não consigo me calar, e pretendo dar o último grito de rebeldia contra as banalizadas, cansativas e repetitivas injustiças feitas pelo mundo.
Houve uma pausa. Junto à lágrima no seu rosto, era notável a sua insatisfação por estar discursando sobre dores tão desconsideradas. Puxou uma arma de sua calça.
- Sem mais. Aqui, quem se pronunciou foi Alberto Silveira, 22 anos.
Apontou a arma para sua cabeça e espirrou gotículas de sangue pelo ar.
Naquele instante, o mundo se calou. Todos os mortais que estavam ali presentes visualizando a cena ficaram sem reação.
O jovem mais próximo do carro agarrou o microfone e não demorou a puxar uma arma de seu bolso.
- Silvio Teixeira, 17 anos.
Apagou-se.
Prosseguiram, Ana Marta de 28 anos, Luis Guilherme de 18, Frederico de 20, Gabriel, Ernesto, Fernanda, Luiza, Hélio, Anas, Beatrizes, Lucas e Caios dentre muitos outros mais..
Um após o outro, sem espaço de tempo para se pegar de volta o fôlego, os jovens se deitavam forçadamente no pavimento.
As pessoas berravam, corriam e choravam avistando tal chacina de suicidas juvenis.
Uns desistiram, outros soluçaram. Quase duas centenas de mortos em menos de meia hora.

Curiosamente, o final de tarde sujou o céu de vermelho. Depois houve outro final de tarde. E outro, e outro, e outro e outro..
O objetivo da passeata foi cumprido. A atenção foi ganha.
Depois da remoção dos corpos, depois da chuva lavar as ruas, depois de uma estátua ser erguida pelo movimento dos jovens inconformados, o centro da cidade nunca mais foi tão idêntico como sempre.


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O sabor amargo das frutas doces

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numa bucolica vila do interior
isolada do resto das coisas habituais,
rolava certa tradição estranha.
tradição herdada de ancestrais.

ao amanhecer do quinto dia de um sentimento,
enquanto as arvores dançavam com a musica do vento,
uma moça formosa abriu a porta de sua casa.
estava lá, uma cesta escostada no chão
de morangos. representando a paixão
de um jovem que fervia de amor em brasa.

certo boato já dizia
que aquela velha com a casa vazia
recebera uma podre maçã.
de acordo com a lenda da cidade,
foi pra alertar os moradores da verdade:
há muito tempo que a velha não era sã.

o abacaxi tambem era comum aparecer na porta
sempre seguido de um belo e raivoso grito.
grito dado pelo homem que encontrou a fruta torta
significando que na cidade ninguem o acha bonito!

E assim seguiu a tradição por gerações.
uvas, peras, kiwis e melões
tinham o proposito unico de dar um aviso em especial.
cuidavam-se todos pra nao receberem tal presente.
só quem recebera sabia a frustração que se sente
ao achar uma fruta na entrada do seu quintal.

foi dai que começou a historia realmente:
ninguem sabe quem mandou a fruta naquele dia..
foi deixado na porta do pastor um maracujá com caroço de semente
sinalizando que sua amada reviveria!

estupefato com a tal fruta exibida
o padre sabia que só Deus, o maracujá podia ter enviado
colheu laranjas que representavam a vida
e destribuiu para todos os lados.

o povo sem saber a historia bem contada
ja foi inventando uma desculpa pra isso tudo.
achavam que o padre sinalizara as laranjas da vida
por que planejava ressucitar os mortos pra todo mundo.

O dia da ressurreição tão esperado
só não chegou tão de pressa quanto a noticia que o padre milagres faria.
e depois que a sua mulher havia do tumulo levantado
o povo queria a sua parte da profecia:

"onde está a minha mae viva novamente?" o pobre perguntava
"e os meus filhos?", um outro indagava.
o pastor tentando se explicar, disse que havia distribuido laranjas por alegria.
mas suas palavras haviam sucumbido com os ruidos.
as pessoas já vinham com cacos de vidros
e sua palavra de mais nada valia.

com a mesma intensidade de uma espera de onibus no ponto
os cacos de vidro foram exatamente de encontro
com a existencia do padre e de sua mulher.
os dois foram tão avidrejados
que a unica coisa que sobrou deles, ali parados
foram os calçados rasgados que vestiam no pé.


(Guilherme Reis Holanda)

sábado, 31 de julho de 2010

elas

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me mortifico;
vejo graça naquilo que antes não havia necessidade.
me divirto;
lembro do que diziam:
entenderás assim que chegar a uma tal idade.

em mim, conflito;
não sei se elevo ou se afundo.
então, reflito;
me sinto quase à sete palmos
mas também por cima do mundo.


(Guilherme Reis Holanda)

versos frustrados

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existiria algo mais mortal
cruel
que a falta da criatividade?

uma forma de se expressar,
particularmente,
acho que cada um tem que alcançar
pra não morrer tropeçando no meio-fio da cidade.

em um ato de desespero
boto meia duzia de palavras trocadas
frias
nesse pedaço de papel.

tenho medo de me calar.
tenho medo de nao estar lá
quando for necessário que eu mande um grito alto lá do céu.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

intantâneos sentimentos

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Era um meio cigarro fumado,
jogado no chão, apagado,
sujo com uma marca de batom.
Me perguntei de quem seria tal artemanha.
Me invadiu uma sensação estranha.
Me veio um sentimento bom..
Como poderia ter tanta ternura
Se, usando tal produto, só imagino uma mulher impura?
Seria por causa, da cor dos lábios, o tom?
Segui sem conseguir ouvir o som da estrada.
Dessa mulher, sei absolutamente nada.
Mas me encantou com meio cigarro fumado,
jogado no chão, apagado,
sujo com uma marca de batom.

(Guilherme Reis Holanda)

2010.2

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estava eu andando por uma dessas florestas de galhos retorcidos.
como flores, se penduravam idéias e sonhos esquecidos.
me pus a observar.
a tristeza me incendiava por não vê-las florecer..
me briguei, me bati, me fiz entender..
não era aonde deveriam estar.

surgiu se esquivando das pontas agudas
um macaco desses que ouve histórias pelas mudas
e de tudo sabe um pouco. se pos a explicar.
me explicou em uma dessas linguas intendiveis por bom senso
que os sonhos e as idéias não estão ali para o que eu penso.
estão penduradas apenas pra eu me recordar.

foi daí que eu percebi a que arvore ele se referia.
eu, caminhando ali, perdido na tal floresta fria,
via e recordava dos sonhos e idéias. em mim, começaram a aflorar.
a árvore da vida está dentro de nós.
é preciso colher as sementes importantes e dar-lhes voz
pra destacar o rastro de primaveira que deixamos ao caminhar.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 21 de junho de 2010

O Torto Flamejante Mágico Voador

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..é sempre em clima festivo
quando a fogueira ata a noite
e as risadas, sem que se note
vão formando um calor,
que uma pobre vitima donzela
que é levada até uma cela,
é enforcada sua goela
pelo torto flamejante mágico voador.

bizarrices desse mito
transitam por cantos mais!
é sempre o vento que leva e trás
a noticia de um outro ataque avassalador..
seu alvo são cidades pequenas.
vilarejos.. bonitas camponesas, apenas.
horripilantes são as lembranças das cenas
do ataque do torto flamejante mágico voador.

músicas e cantigas ao seu respeito foram feitas.
umas ameaçadoras e outras bem perfeitas!
o pavor desde então se espalhou pelas colheitas
por onde caminhava o boato repreendedor..
conta-se até a história da amiga da filha do padeiro
que é sobrinha dum amigo do ferreiro
que depois de viajar o mundo inteiro,
foi dilacerada pelo torto flamejante mágico voador.

sendo assim, nao se sabe se é pra rir ou pra temer
essa história inusitada que, ao meu ver,
nao fez sentido algum para o leitor..
cuidado e sempre fique atento!
não se sabe até onde é real ou invento,
pelo menos, não até o momento,
a história do torto flamejante mágico voador..


(Guilherme Reis Holanda)

domingo, 20 de junho de 2010

libertai-vos!

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curioso sentimento foi esse que se desfez..
depois de muito tempo foi todo embora de uma vez!
juro que nao entendo como que essas coisas mundanas são..
num instante,
o importante.
no outro momento,
perde a razão.

pra não dizerem que sou convencido
digo até o que não devia:
procuro nos seus olhos de brilho
(e não no brilho dos seus olhos)
a formula antiga estigmada,
em que se equacionava a minha paixão de mania.

sumiu entre o suor e a poeira!
sinto-me livre do pesado grilhão que me envolvia.
espero que isso tudo vire piada num bar!
.. não me esqueço:
fomos grandes amigos, fomos grandes irmãos algum dia..


(Guilherme Reis Holanda)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

uma noite tal

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reparo nas histórias por entre meus dedos.
vivi, cresci
(e que haja ambiguidade nesse verbo!)
nessa noite calma e clara
aprecio a luz elétrica entrando por entre o quarto escuro
reluzindo na taça de cristal..
giro a taça,
sorrio ao vinho tinto!
..esse novo quarto,
veio em novos ares,
marcando uma nova vida.
..e minha alma grita, mesmo sem entender,
os versos de strawberry fields forever,
strawberry fields forever,
strawberry fields forever..

enquanto isso espero o sono me acabar
ou qualquer outra mensagem chegar...


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 31 de maio de 2010

vinhetamor

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a diferença é sutil:
uma mulher que se cuida tem a vida amorosa que quer.
um homem que se cuida tem a vida amorosa que pode.


(Guilherme Reis Holanda)

sábado, 29 de maio de 2010

ao passaro que aprendeu a voar:

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me encomoda o silêncio perpétuo do teu quarto.
me recordo de coisas do teu quarto,
me reflito de coisas do teu quarto,
me dominam as coisas do teu quarto,
me acomoda o silêncio perpétuo do teu quarto.

e a porta perpetuamente entreaberta.


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 25 de maio de 2010

versos desequilibrados

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Nessa mescla de integridade e degeneração,
nao sei como me classifico.
se sou domador:
impositor e fraquejante;
ou como leão:
feroz e subimisso.


(Guilherme Reis Holanda)

domingo, 23 de maio de 2010

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destorcitose

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foi nessa noite fragorosa,
em que implorei o abrigo de uma triste companhia..
negado, eu apertei o espinho da rosa
enquanto sua seiva jorrava em minha face e a rosa sorria.

outrora quando fui cravo
e, embaixo de uma sacada, com a rosa, me desentendia
vi que ela não tinha piedade. quase que cavo
a cova que vou me guardar pensando no passado qualquer dia.

..e enquanto a mente voa,
idéias mirabolantes surgem à toa.
me apresso pra, da história ou desses dias, chegar o fim.

Ao lado da rosa, o vermelho me destoa.
tento levar o barco cortando o vento de proa
enquanto percebo que tenho vergonha de mim.


(Guilherme Reis Holanda)

quinta-feira, 20 de maio de 2010

2010.1

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quero o silêncio e o escuro do meu quarto
pra da vida sentir o simples, o sensato
morrer de infarto de tão farto
de amar e amar!
admirar o errado que convém,
ser mais de mim pra ser mais de alguém,
fugir da história de esperar um trem
e o trem nunca chegar!
assim, auto-afirmo que sinto até de tudo
e não fico cego, surdo e mudo
pras mazelas desse mundo
esperando o sino badalar.
mas preciso de um tempo pra cuidar de mim.
pensando bem, quem sabe assim
no futuro que vem lá pro fim
mais coisas farei pra ajudar.

..e a mulher que amo, que me ame como eu,
pois sem isso, nao sustento o que a vida me dá e me deu.
me sentiria acorrentado como Prometeu
pra no rochedo da eternidade sofrer por esperar
e esperar
e esperar..


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Catarse

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pego os meus cabelos,
os puxo. dane-se o estrago que faça!
com expressão de desespero
me sinto arrancando uma carapaça.
esqueço e deformo por um instante a idéia de vaidade que tive um dia.
lagrimas retorcidas descem a minha face.
tento fazer da escrita uma catarse
pra me libertar das infindáveis dores que sinto nessa noite fria.

me lembro do que fiz..
sou banal. um escrúpulo.
arquitectei, construí, sepultei um sentimento em, de mármore, um túmulo.

ácida corrosão me trás tal dor!
eu, pensando que sabia tanto do amor,
fiz essa rima idiota.

agora, meus desencantadíssimos sonhos, como um todo, são reais.
sinto como a vida leva e trás
a morte pra bater em nossa porta..

bato no peito
apesar de ficar sem ar.
olho por cima
apesar de nada enxergar.
respiro com vontade
apesar de nenhum cheiro aproveitar.
reconheço que isso é o futuro..

caminho nesse vão do nada mais
e nao esqueço do que vem por trás:
são as lembranças projetadas no vazio do escuro.


(Guilherme Reis Holanda)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Uma noite no Hospital

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A rotira era cansativa.
Os dias começavam cedo,
As noites acabavam tarde.
Não nos perguntavam se queriamos acordar
Ou se estavamos prontos para dormir.
A luz se acendia e apagava de acordo com o interesse dos superiores.

Era nessa embarcação que eu me encontrava.
Marinheiros enfermeiros e comandantes médicos transitavam.
Alguns de boa vontade, outros sem rumo.
Enquanto isso a tripulação flutuava no mar de lágrimas dos mortais.
Esses se ajudavam para sobreviver.

Alguns vinham,
enchiam o ar de penosos gritos
e partiam antes da hora,
Deixando suspeitosas almas inacabadas.
Outros davam a sorte de atravessar as tormentas...

E a embarcação navegava sobre (ou sob) este fragoroso mar!
Buscava incansavelmente por uma única especiaria,
A qual se encontrava no mundo inteiro,
E, apesar disso, era extremamente rara.
Especiaria esta que não cabia numa bolsa,
Não cabia num cofre,
Não cabia em um corpo..

Este barco sem vela e à deriva procurava a vida!


(Guilherme Reis Holanda)

quinta-feira, 4 de março de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Último dia

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Imaginei o que escrever na minha lápide coreana imaginária:

Momento único.
Aliás, todos são.
Escrevo de qualquer jeito minha estadia por essas terras..

Pensando bem, distancia física não me impressiona!
Afinal, o que é estar do outro lado do planeta pra quem já viajou 18 anos em volta do sol?
Na realidade, o impressionante é o Irreal:
No mundo das idéias eu viajei para outra galáxia. Quem sabe, mais de uma.
Posso ter sentido tudo por aqui, menos descanso.
Vivi uma vida paralela,
Vivi uma vida pesada,
Vivi uma vida temporária.
Agonia semelhante de um cancerígeno..

Eu tenho cura!


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

aleatoreamente vivo

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eu rio de tudo que a vida me trás e leva!
não é ingenuidade ou otimismo..
é minha maneira de andar na treva!
é o fluxo do rio de etapas que me carrega,
quem sabe para a beira dum abismo!
não vejo impecilhos como ruindade..

sei que no final de cada corredor há uma pitada de felicidade..
para atravessá-lo, exige calma. mestria.
ver minha perna caminhando é sentimento aberto!
e mesmo depois de tal perfeita ideologia,
me sinto humano, incompleto
com os pés no chão, nao alcanço o teto!
...sei que mudarei de ideia, denovo, um outro dia!

coisa louca!
me escreveram em algum canto?
minha vida, num todo, é tão pouca...
por que pra mim significa tanto?
enquanto vivo nessa bola,
nesse embolo,
nesse nó que me afeta,
danço sapateado sobre as linhas tortas..
ao par dos versos de um esquimó poeta.


(Guilherme Reis Holanda)

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Conto desnecessário

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Tinha começado como um dia parecido com os outros, e isso já era motivo para ser diferente. A agitação foi aparecer por volta de dezenove horas e nos ouvidos do menino, que nao previu o acidente ao elaborar seus planos de revolta horas antes, soava cada vez mais intensa a Marcha Eslava de Tchaikovsky de um pequeno rádio indesligável que distanciava dois quarteirões dali.
Era inicio de tarde ainda quando seu rosto se enxaguou. Na casa de sua amante, o menino sonhava com uma pequena pitada de liberdade em sua iniciante vida. Seus pés se prenderam nas injustiças do caminho, e, como cipós ardentes, o arrastaram para dentro de uma alcova fétida e úmida. Enclausurado da mais profunda agonia de não viver, resolveu encarar seu pai e, de uma vez por todas, eliminar as correntes enferrujadas de seus punhos e tornozelos.
Sua amante advertiu.
Entre os dois existia uma transcendência espiritual que levava a compreensão além do amor, mas ele não pode se conter em caminhar para trás. Sabia que era preciso uma atitude decisiva naquele jogo. Os carinhos da moça o prepararam mentalmente para tal feito.

Dezessete horas. Saiu à rua. A sua caminhada infindável até seu apartamento foi atrasada inicialmente pelo encontro com quatro palhaços e um campo de orquideas que na ida não estava ali. Aos poucos as cores foram se transformando em moscas. Ao chegar em casa, o jantar estava posto. Aquela postura de familia normal pulsava ódio em suas veias. Foi então que seu pai novamente abriu o tópico:
- E você, nada quer da vida? Só sabe ficar por aí fazendo esses lixos que você chama de arte?
Seu sangue virou um exército. Seus vasos viraram quartéis. Suas idéias viraram guerra. Retrucou:
-É notável que um primata troglodita que nem você não entenda a essência de viver. Beirando a morte, ainda não descobriste o que é felicidade. Olhe ao seu redor. Essa merda que você chama de família te odeia. Seu fim é previsível: A solidão.
Num impulso quase que magnético, o pai do menino levantou a mão e com um golpe certeiro o jogou no chão. A atmosfera da cozinha era seca, de algum fundo infernal saiam sentimentos que icendiavam a cena com uma luz vermelha e o pequeno rádio berrava canções de morte inaldíveis ao ouvido humano.
Foi então que a biologia mutante junto à organização atomística fizeram seu papel. O menino sentiu um frio na mente e uma infervecencia nos músculos. Seus olhos reviraram para o nada e seu corpo tremeu. Tremeu uma dança sem ritmo. Tremeu o silêncio da música que não tocava, e depois de travessia do corredor eterno da insanidade, percebeu que tal convulsão o tirara as pernas...

Depois de ter sido rejeitada pelo rapaz, agora paralítico, sua amada quebrava o chão de casa valsando a sonata mais triste de Beethoven, que vinha de quatro rádios a dois quarteirões dali. Uma labareda de fogo saiu de sua lareira, chicoteou risos pela casa e acolheu as menina em seus braços transformando-a em cinzas.
Assim, ela pôde deleitar-se no aconchego da lenha carbonizada e repensar na essência dos minerais que nos compõe. Desde sua água corpórea ebulindo ao seus sais pipocando nas chamas, percebeu, finalmente, que carbonos em qualquer estado físico também contêm alma.



(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sonho alado no céu coreano

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Tive um dia de sonhador!
Maluco que sou, sonhei acordado com um vôo planar..
Tive a sorte de me ver voar
Pelos cantos de onde nao vivi!
Curiosamente, de cima, não era a paisagem que me excitava
E sim um cheiro encomodante que senti por onde eu passava
E, sobre ele, refleti:

Era o cheiro da lembrança!
Lembrança daqueles que chamo de amigo..
Estes sim, me ensinaram a dançar a dança
Da vida! E é neles que contruo meu abrigo..

Mas, não era este o odor que realmente me encomodou ao voar..

Sendo assim, continuei a vasculhar minha mente
E achei um odor que poderia ser o que me chateava..
Era o odor das máquinas e do estaleiro que trabalhava
Num ritmo frenético, massante e insensivelmente.
Cheiro de fumaça. Ferro quente!
Mas também nao era este que me preocupava..

Depois, percebi onde se batiam as ideias do meu mundo..
Pessoas com o seu odor imundo
Se debatiam, epileticas, exalando tal essência pútrida no ar..
Não culpo todas! Há um grupo seleto
Que fazem do resto dejeto
E não percebem seu papel fétido de decompositores do Amar..
Decompositores da compaixão. Da igualdade. Do bem-estar..

E é no meio de toda esta canificina humana que me encontro!
Caí do vôo, desajeitado.. Derrapei, comi terra, fiquei tonto
E nesse mar de amebas flácidas estou preso desde então..
Nessa ira de estética, fortuna, exibicionismo, possessão e consumismo
Existem privilegiados canibais. Outros milhões se afogam no abismo
E num ciclo vicioso impedem os sonhadores de voar com o cheiro da podridão.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Aos meus dias doente

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desconheci o sono dos desesperados
agora sinto a agonia dos carbonizados
enclausurados em chamas vil..

Nesses grilhões de dor acorrentados
Sinto-me no horror dos condenados..
Nesta dor de gente febril..

Sonho e realidade são misturados
Nesses pensamentos por cobras envenenados..
Vi um vulto por aqui. Não sei se mais alguém viu.


(Guilherme Reis Holanda)

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Momento Coreano

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ponho as minhas roupas..
uma blusa, duas blusas, um casaco, o cachecol..
abro a porta, travo uma luta num lugar que, mesmo com sol,
o frio é cortante. ando por ruas novas a esmo!

as ansiedades nao sao poucas..
afogar-se em solidão, de positivo há um ponto.
reforçarei a maturidade de um homem que sempre encontro:
reforçarei a personalidade de eu mesmo.


(Guilherme Reis Holanda)

À uma companheira significante e instantânea de vôo

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Lembrarei de ti.
Te penso e te lembro como um bom amigo,
porém, por culpa do destino,
a vida nos deu apenas 10 horas desse companheirismo celestial..

Te guardarei como um frasco de creme,
Portador de um cheiro que me treme,
Mesmo quase vazio...
Pois 30ml é o permitido em vôo internacional.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Pseudo-perdição confortável

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nesse momento nostalgio, sinto bem o cheiro de talco
representando a inocência que tive em um qualquer verão..
agora, me impressiono no modo que manuseio o alcool
e penso exageradamente: virei um beberrão!

mas, quem sabe, de bebê para beberrão
exista até uma tendencia natural..
afinal, são quatro letras, um til, um pouco de entonação
e, de repente, um bom ponto final!

só sei que acredito nesses versos tão intensamente
que até os classificaria como bíblicos versículos!
não sei dizer se o álcool é como alfinetadas na minha mente
ou como uma dúzia de pancadas nos testículos!


(Guilherme Reis Holanda)

Otimismo calculado

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Essa ânsia, esse suspense para onde vou...
Acredito que eu vá aprecisar os mais gostosos ventos de inverno.
Mas tenho medo! Tenho medo de acabar com Rimbaud
E vivenciar algo mais como Uma Estadia no Inferno...


(Guilherme Reis Holanda)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Versos cômicos a um violão tombado!

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minha carne incendiada
nao sei se estou entre fogo ou nevada...
é a febre que vem queimando,
matando.
fazendo meus neuronios dilacerados,
desnaturados.

descobri porque existe essa ardencia:
sinto a dor de um amigo de vivencia
que se tombou,
caiu,
resonou pelo chão..

faço esses versos
inversos,
dispersos,
por uma dor comica.
pela minha desogarnização atômica,
deixei cair o meu violão!


(Guilherme Reis Holanda)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Esferivivencia

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me recordo de ter ouvido ou visto em algum lugar
entre essas tortosas coisas que se esbarra pela vida
que uma esfera seria a forma estrutural perfeita na natureza...

e, depois de nunca ter levado esta tal afirmação comica à sério,
hoje, ao topar com meia dúzia ou menos de bolinhas de gude pela rua
sua esfericidade me fez dar uma olhada no espelho:
dedos, braços, musculos, pernas... homens não são bolhas,
mas talvez devessemos ser na alma
e nos comportar como tais:

sejamos uma bolha de sabão: elas trazem o unico estouro que não ofende. alegra.
sejamos como os astros: habitemos dentro de nós todas as vidas. alguns aquecendo,
vezes girando, não nos perdendo e nos admirando entre si.
e, até mesmo, sejamos como as bolinhas de gude:
tendo a certeza de que cada batida entre uma e outra
não passa de uma brincadeira para nos trazer a mais pura felicidade de criança.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Surpreendência

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Como em outros momentos passados, nunca desejei fazer deste blog um lugar se não um armazém de minhas poesias.
Porém, há acontecimentos no dia-a-dia que são merecedores de serem comentados, propagados e lidos por todos.

Tinha acabado de sair da casa de uma amiga. Esta estava extremamente preocupada pela minha andança noturna.
Eu caminhava por ruas traiçoeiras e desertas após ouvir alguns barulhos de fuzis, dominado pela escuridão do medo e com o desejo insaciável de se chegar na segurança do meu lar.
Mesmo no meio de toda a aflição, continuei. Caminhei ao encontro do transporte coletivo mais próximo que poderia me levar para perto de casa.
Fatos passados pertubavam minha mente. Lembrei-me do que ocorrera com irmã minha dias atrás em um destes transportes: Um pseudo-sequestro que poderia te-la levado aonde nem os videntes saberiam dizer..
Com todo o meu preconceito defensor misturado ao meu instinto de sobrevivencia, entrei em um transporte nao-autorizado -o que é extremamente comum na região em que moro-, pois estava com pressa e percebi que este estava praticamente lotado, logo, seria dificil alguma tentativa ou chance de assalto.

Ao entrar no tal veículo, me embolou a lingua. Me faltou o ar. Estava na minha frente um motorista que, de acordo com o meu preconceito forçado pelo medo, deveria ser irracionalmente desumano.
Mas, felizmente, esta noite me enganei..
Talvez você, meu leitor, nao conheça, mas acredite no que digo! Estava ele ouvindo no seu toca CD uma obra prima de humanismo. Uma fonte iluminada de sabedoria. Degustando uma raridade nos dias atuais. Ele estava ouvindo o CD The Wall do Pink Floyd.

Ali eu me emocionei.

Logo eu, que andava tão descrente do futuro, afogado na dúvida do amanhã, tive a sensibilidade de me encantar com a qualidade da vida que ainda me faz lutar, que ainda me faz ver um sentido em viver: A surpreendência.
Me surpreendi em ver que tal pessoa, provavelemente pertencente à uma camada social menos favorecia e menos preocupada em se tornar humana, apreciava o sabor de tais musicas que transbordavam aprendizados!

Engoli seco. Pensei 10 vezes: Falo com ele? Não falo? O que falar? Seria ridiculo parabenizá-lo?
Misturado à dúvida, meu coração subia para mil batimentos por milésimo.
Não indentifiquei se esta aceleração cardiaca foi devido ao meu emocional abalado com a situação ou pela sensação de querer puxar assunto com um desconhecido -limitação esta que herdei da sociedade-.

Penso, agora, que foram os dois.

...
Ao descer do transporte, eu disse poucas palavras ao motorista:
-Foi o senhor que botou esse CD para tocar?
-Sim, fui eu sim.
-Deus! Genial. Isto ainda me faz acreditar na mudança do nosso mundo.

E, como se nada tivesse acontecido, ele prosseguiu viagem, e, acredito eu, pensando na encruzilhada que a vida lhe aprontara.
Subi a rua de casa.
Meu corpo não havia parado de se estremecer.
Aos prantos, senti dentro de mim algo que talvez as proximas palavras não descrevam:
Senti a vibração de um rugido ensurdecente de esperança.
Invadiu-me uma fé cega que me faria apostar tudo na mudança do mundo; na mudança da história da vida.

E é nesses dias, que eu vibro de alegria, minha alma se encharca das minhas lagrimas, e deixo uma mensagem que espero que toque a essência de você, meu leitor, que acredita e anseia por dias melhores:
Nunca deixe de acreditar, pois, por mais perdida que pareça a estrada do bosque, até as árvores inertes ainda hão de nos surpreender.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Dragão Claro

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Em você, direi o que percebo:
Um dragão adormecido.
Iluminado.
Escamas douradas, reluzentes!
porém, até então, foscas...
No futuro, o vejo derrubando reinos e castelos!
Faria isso com beleza, gloriosidade!
os raios cegantes de sua majestade
seriam suficientes para eliminar o mal
e os corações puros louvariam
o seu voo rasante, ouro branco pelos céus..

me aproximo desta besta fera!
me sinto pequeno dentro disso tudo.
volta e meia, em pequeno despertar,
seus olhos me dizem palavras inaldiveis
transmitem pensamentos sensíveis..
viajo ao mundo dos sonhos em uma passagem só de ida!
esses olhos me dizem o que é você.
atravessaria o mundo para ver
esses olhos que me estremecem de vida!


(Guilherme Reis Holanda)

Vinheta

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com minha autosuficiencia
aprendo o principal para vivência:
sonhar mais acordado do que dormindo!


(Guilherme Reis Holanda)

Futuro, fé, estupidez e algo mais

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a escuridão veio nua
sussurrar no meu ouvido por estes tempos..
diz-me de tudo: futuros acontecimentos
que, ao ouvir, minha pele sua.

me fez perceber que a idéia pura e crua
de se reencarnar pode ser verdade.
admiro quem nao pertence a essa era;
a essa idade.
e, com facilidade, na sabedoria mergulha;
flutua.

não vieram de agora!
é o peso de almas vividas que os habitam.
muitos calmos... outros, gritam!
sabem que é chegada a hora.

hora esta de pensar.
idade da pedra, do bronze, do ferro.
nessa dúvida me emperro:
que idade devemos estar?

de acordo com as escrituras,
maias, astecas, profetas e loucuras
o fim está por vir pela frente...

e eu? aonde estou?
minha sede adquire conhecimento apenas onde eu vou.
por isso, me sinto idiota. me sinto demente.


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Dia-a-dia

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o dia me acordou bem;
botei camisa de cor amarelo.
assim, fortaleci o elo
entre respirar e bem-estar.

depois, a luz se escondeu;
a noite veio crua.
vesti-me com camisa azul-escura
e me pus a pensar:

em algum lugar ou canto
o claro se esconde...
lembrei com breve espanto
que neruda me disse onde!

se esconde num poço que fiquei a pescar;
tentei fisgar a luminosidade.
percebi que com apenas um anzol nao se aproveita toda essa luz, esse mar...
pescarei por toda a vida! pescarei por toda a eternidade!


(Guilherme Reis Holanda)

-Monólogo de uma mulher vivida para dois adolecentes

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.
Nunca pensei em botar aqui uma prosa.
Mas, hoje, entre travas e línguas, presenciei o depoimento de uma mulher beirando os 50 anos, conversando comigo e com uma amiga, e é digno de ser exibido.
... Resumindo e adaptando em miúdos, suas palavras diziam:

"eu falhei.
minha geração falhou.
tentamos impedir a máquina, mas de jeito errado.
pegamos em paus, pegamos em pedras, e tentamos espancar a máquina de lado...
mas esquecemos que ela é de rígida, fria, de metal, de ouro...
vocês são a luz do novo milênio. pessoas devem ser como vocês: com capacidade intelectual, com critica!
não façam o que fiz...
entrem na roda viva! entrem na maquina, e, devagar, mesmo que milenarmente, mudem engrenagem por engrenagem.."

...

é preciso competência!
competência para entrar nesta realidade!
competência para entrar e não pertencer a ela...
pois, se nos deixarmos levar, morreremos da morte mais cruel:
morreremos de loucura. morreremos de insanidade.


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Doce Fruta Minha...

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foi em tempo passado
que senti o gosto doce e amargo
dessa tal fruta orvalhada.
as gotas de agua sobre a casca
davam sede de mar!
a cor rosa-quente
me atraía pelo olhar!
mas a fruta caiu...
afinal, elas caem.

pensei nas consequencias
da gravidade e da colisão.
combinadas, fariam da fruta
adubo virado p'ro chão.
chão de concreto!
a grama havia sumido..
a penumbra dominou seu lugar,
porém,
o seu brilho, a suculência
nunca perderam a essência
e continuaram a me encantar!

nao satisfeito,
driblei arvores mil,
escapei da selva de pedra,
penetrei aonde estavas repousada
e, com um tiro de luz,
a penumbra se esvaiu.

agora, me sinto por completo!
se mais do mal aparecer,
esquivo.
na fruta, sinto coração bater...
...vivo!


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Amor assim

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na mente é pensamento.
leve.
no coração é sentimento.
pesa.
do corpo peço incêndio.
vezes dor.
da alma peço parte.
peço amor!



(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ouça, você quem seja!

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Sei que não tenho honra para me igualar a tal voz,
mas me vejo como a Raquel de Queiroz
Quando diz que não simpatiza com a crença.

Disse: Não tenho culpa se deus (ou Deus) me fez com pouca fé.
Particularmente acredito na metafísica, até.
Mas valorizo o que se toca. O que se pensa.


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Para meu irmão

.
.
Penso no peso das minhas partes,
Desde a mente até os pés.
Piso no ponto onde começam as artes,
Desde o que se sente ao que tu és!

É na poesia que expresso o enigma:
Muito além de pi ou sigma,
Nossa ligação é perpétua!

E os momentos de chorar e rir
Transbordam o que não se pode medir
Nem com letra, nem com régua!


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

É preciso tê-la

.
.
me apeguei à simplicidade
e prego a sua utilidade
em tudo que faço e com todos que converso.
com ela as coisas fluem
e, assim, constituem,
por exemplo, esse verso.

mas procuro um estagio elevado!
um estagio que se grita com fervor.
esse estagio procurado
é quando, com a escrita,
se diz a simplicidade do amor.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Diferenças Semelhantes

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.
Outrora as falas se batiam,
Se arremessavam,
Tentavam ocupar um mesmo espaço.

Refleti.

És semelhante,
Por que praticar uma cultura incessante
De se confrontar aqui e ali?

Mesmo com diferentes pontos de vista
E toda humilhação,
Usufruo da minha dádiva existencialista:
O perdão.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

- a twisted mind!

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Outrora os ponteiros giravam no compasso de outrem
A mente sucumbe nos confins da insanidade
E no farfalhar de outras asas viajava ao além
Deliberadamente, a consciência se evade
Decadente, amarra-se e se faz refém,
Corroem-se as entranhas de falsa necessidade

De se estar buscando a cura é a idéia que se tem
Vê o mais ilusório dos delírios como verdade
É do mais ardiloso veneno que se bebe, porém
Insaciável, nutre-se em grandes sorvos de ingenuidade
Incapaz de distinguir o que lhe é realmente o bem
Olhos que marejam ilusão não divisam a realidade

É chegada a hora de libertar-te do covil de outro alguém
E das vis artimanhas que lhe afogam em maldade
Permita a tua alma respirar e exalar todo o poder que contém
Enterre no passado o tempo em que fostes um covarde
É tempo de voar ao templo de onde a toda a glória provem
E desfrutar da maior dádiva da tua existência, a liberdade.


(Leonardo Donisete)

Ao podre meu pai

.
.
É com grande insatisfação
E vontade de suicidio
Que escrevo com minha mão
Essa carta-homicídio.

Homicídio pois te mato.
Te mato dentro de mim.
Não mereces ser meu pai...

Eu, criança-puta,
Trabalho como prostituta
Fazendo do meu futuro
O teu desejo de consumo,
Pago.

Pois é.
Destruiste sonhos de jovem.
Tornou-os cinzas.
Migalhas!
És do Cartola, o moinho.
Do Chico, roda viva.
De tantos outros, perdição no caminho...
De mim,
Fizeste bicho de palha!




Fique com o seu Deus.


(Guilherme Reis Holanda)

Caos meu e Cosmos teu

.
.
Meu caro amigo,
Sabes que muito te admiro...
E, com esses versos, me refiro
Ao seu vício desnecessário:

Nossas idéias,
Tão em trapos,
Emboladas,
Estão num mundo onde
Ventos moem casas
E, no fundo,
Não há destinatário!

Então, me pergunto:
O que deu na tua cabeça
De achar que a escrita e sua beleza
Estão por aí, a se organizar?

Te digo:
A palavra é leve,
Pura.
Não tem pecado.
Nem luxúria.
Não é de se enfeitar.

Admita...
Somos apenas vã matéria.
P'ra que perder tempo
Levando como coisa séria
Essa linha feita dita?

Reconheço!
Juro que reconheço!
Por mim, toda arte deve ser lida.
Mas, cá entre nós,
Por que a formalidade?
Perdes tempo.
Aumenta a idade.
Tira a vida.


(Guilherme Reis Holanda)

Revolución(?)

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.
Respeito;
Um.
Igualdade;
Dois.
Tentaram impedir a voracidade da natureza.
Três. As idéias são reais. Pessoas,
Passageiras.
Quatro Cinco
Indignaram-se com injustiça Seis Sete
Nove
Centos
Mil
Milhões...
A física reprime
A Meta- levanta!
O cheiro de sangue impregna o regime..
E a cabeça se ergue, espanta.




... Quantas mais dessas irão rolar?


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

tento, logo, desisto

.
.
Não consigo!
Não consigo escrever versos assim
Desconexos, sem ritmo como vezes faz Quintana...
Vê se me entende.
Admiro aqueles que tem a capacidade
De botar umas palavras e outras pela metade
E fazer uma arte que transcende.

Veja só aqueles versos!
Já estou eu rimando de novo,
Mesmo com aquela palavra ali, gozada.

Perdoe-me os admiradores sem razão
Mas reconheço o meu calão:
Eu sou fraco. Eu sou nada.


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Desabafo sobre Desabafo

.
.
Cá entre nós,
Vejo motivos ao escrever!
Não o faço por que quero
Muito menos o que espero...
Faço por fazer!
No covil de pensamentos,
Os escrevo por extenso
Na vontade de não os ter.

Mês que vem ou em outra lua
Eu volte a ler.. Isso me situa
No momento em que escrevi.
deposito um grande peso
no papel. Me sinto ileso
daquela dor que já senti.


(Guilherme Reis Holanda)

2009

.
.
Três meses a mais...
Esse ano que não passa...
Já não suporto a raça
De estudante sem destino!

Vai, me deixe em paz!
Crio uma carapaça
P'ra segurar a traça,
Senão, morro assim comigo...

Então, me dê mais um drinque!
Não, traga cinco!
Aliás, dê-me cem!

Que com a vida não se brinque...
Ai, que falta eu sinto
Da minha época de outrém.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Diga, Irmão!

.
.
diga, irmão,
me fale mais sobre os lados remotos do planeta
diga, irmão,
no mar aberto como é ver o céu de luneta?

estas horas na frente..
então conte pra gente
o que o futuro aguarda pra nos dar!

eu digo, irmão,
não conte as ondas que seu barco ainda há de bater
eu juro, irmão,
no oeste o vento que passa ainda há de inverter

pois tu vens levando embora
a saudade e chega a hora
dos teus pés pisarem no teu lar!


(Guilherme Reis Holanda)

troca letra e amizade

.
.
É na sutilidade da simplicileza
Que a firmidade da irmandeza
Se aprensenta de perdurar!

Seja ao contrário o mundo estando,
Ou as palavras se trocando,
Um companheiro deixa estar!

Nem tinta no papel
Ou até língua do céu
Explica o sentimento!

Me desprendo da matéria:
Explico essência...
Que miséria!

Pois assim como um amigo,
Não há poeta que explique o vento!


(Guilherme Reis Holanda)

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

2008

.
.
Hoje não é dia de viver.
Olhei para o céu:
Sem sal.
O sol não sabia se subia
E o vento assoviava assombrosas sensações subliminares.
Sem serem vivos suando nesse dia,
Só sei se ser eu.

(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 15 de julho de 2009

você em mim

.
.
Estava escrito nas estrelas
Já diziam os xamãs
Mostravam os botões, o chá e a cera
Búzios e cartas das irmãs.
Fiz seresta e poesia,
Escrevi pelo banheiro
Nos espelhos embaçados, de alegria,
Vi corações no mundo inteiro.
É farol, guia e correia
Faz um príncipe de um mestiço.
Cria a paz que é derradeira..
É tudo que eu preciso.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Egito Moderno

.
.
Envolveram o corpo com o pano aromatizado;
Aroma para alimentar o ego.
Arrancaram as vísceras,
e desta vez,
não reporam o coração...
O cérebro já não tinha há tempos,
expulsado a força por um gancho
chamado Mundo.
Os órgãos foram para laboratórios
O animal que acompanhou o inerte
era cachorro com faro de Doberman.
Preso em catabumbas,
entre mil degraus e cem rituais sombrios,
Confinado, estava um homem comum
Que agora viverá em silêncio
e feliz(?)
...
Bem vindo à era da Mumificação de Vivos.


(Guilherme Reis Holanda)

domingo, 21 de junho de 2009

Eu

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A mão escreve:
Paro e penso.
Me sinto leve,
Denso.
A mente ferve...
Eu sou imenso!


(Guilherme Reis Holanda)

domingo, 7 de junho de 2009

Noite Cheia, Lua Nova

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Por mais que haja a amizade forte que se emana,
Até onde vale as atitudes e a ciência da consciência humana!?


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 2 de junho de 2009

Para Julia [Amiga de longe]

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Diria secreto?
Não há de quem esconder.
Diria descreto?
Não há do que se esconder.
Diria oportuno.
É de longe que se mantém algo que não se vai.
É mão que ajuda a levantar e também cai.
É digno de mim. Sou digno de ti.
É amor?
Talvez.
E acima de tudo, amizade, que de longe, escolhi.


(Guilherme Reis Holanda)

Estranhos Amigos [ou Amigos Estranhos?]

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Certas pessoas que esbarram na gente nos dão saudade enquanto falam ao nosso lado.
É como se eu já soubesse que aquela conversa não será frequente,
e que a pesssoa não estará por perto para sempre.



Espero que eu esteja errado.


(Guilherme Reis Holanda)

Antes da Casa da Sopa [Integral Infantil]

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Saio ao Sol.
Sinto o vento.
A calmaria me invade e quando os tambores rugirem, sei que essa calmaria se esvairá.
O cavalgar épico do meu batalhão moderno faz arder minha fome.
A fome de explorar, conhecer, sentir e chorar, chorar
e chorar.
Cavaleiro, andarilho errante,
Saí de manhã para uma batalha por conhecimento.
Batalha travada pelo saber.
O saber mais difícil:
O saber da vida humana.


(Guilherme Reis Holanda)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Estações do meu Brasil

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Outono.
Morrem as flores do meu quintal:
O Amor-Perfeito traindo,
A Sempre-Viva morrendo
E a Rosa cheirando mal.
É o inverno de repente,
E quem me dera,
Se fosse inundando o sertão.
Já, primavera se foi,
E com ela,
O meu amor.
Não lutamos com o pau.
Não lutamos com as pedras.
Estamos no fim do caminho,
E as águas de março já fecharam o verão.


(Guilherme Reis Holanda, com trechos e adaptações de letras escritas por Chico Buarque, Marcelo Camelo e Tom Jobim)

terça-feira, 19 de maio de 2009

Nova Era

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Sinto vindo Nova Era!
Sinto forças que me guiam
Pr'onde os bens me irradiam
E não tem lugar de espera!

Nessa viagem intergaláctica
Que reconstrói o meu ser
Minhas idéias de viver
Começam a entrar em prática!

Penso, logo, existo,
Digo, existo, logo, penso
E esse papo muito extenso
Faz doer minha cabeça.

Pra não ficar mal visto:
Neste estado de vivência,
Que só chamam de demência,
Procuro quem não me esqueça!


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 3 de março de 2009

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Meu problema

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Angústia trancada no meu ser...
Dos problemas pouco pequenos,
O meu é, pelo menos,
A vontade de escrever.

Desencadeando pensamentos bisonhos:
Os monstros que me habitam
Sussurram, se excitam
Em travar todos os meus sonhos.

Neste momento que o tempo rui,
A poesia simplesmente flui
E escorre com o meu sorriso.

Ao terminar estes versos de agonia
Tiro a sensação de abandono que havia,
Pois, são neles que construo o meu piso.


(Guilherme Reis Holanda)

sábado, 22 de novembro de 2008

boom

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nasci.
nasci ao ferro
ao fogo
ao medo.
nasci suicida,
nasci quente.
nasci em sua raiva transcendente.
Em um momento:
Eu estouro
pois tu estouras
então, ele estoura.
e a história
meio escrota
minha escrita
é tão pouca
que cabe em lapde
de cripta;
cripta que não há;
com o chão não me conformarei.
mas foi o que você
pode me dar
depois que uma cabeça deformei.
não há abraço ao te conhecer
deixando sem tristeza a despedida..
em minha lapde lerás:
"aqui jaz uma bala perdida."


(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 18 de novembro de 2008

De sempre à 19 de novembro

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A exibição e a vaidade bateram na porta da frente.
Senti-me o mais velho dos velhos e a mais nova criança.
O meu amor não se esvaiu, mas a possibilidade me tornou medo.
As mãos calejadas das tentativas de expressão viraram marcas de mágoas mal lavadas.
Ao meu redor as imagens se limitam a nós.






Enfim, vivendo.


(Guilherme Reis Holanda)

domingo, 14 de setembro de 2008

terça-feira, 5 de agosto de 2008

É Arte!

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Vamos falar de arte.
Dependendo do contexo
Me faz até ler um texto
Ver um quadro, ou poesia!
E eu levo a minha arte
Dentro do meu coração
E a faço com as mãos
P'ra festejar a cada dia!
É o que me fez a arte
Transformou-me em devaneio
E me fez sentir-se inteiro
P'ra não ser gente vazia!

E a inocência de criança
Me faz dançar a dança
De quem não morreu por dentro.
Nesse mundo traiçoeiro
Querem mais é sentir o cheiro
Da minh'alma jogada ao vento.

Talvez me levassem mais a sério,
E isso sim é um mistério,
Se eu fosse Drummound de Andrade.
Sou só um estudante louco
E de mim sabem muito pouco...
Mas,de minhas palavras,
Ouvirás a mais pura verdade.


(Guilherme Reis Holanda)

Alheia Reflexão - Televisão.

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E minha TV no canto do quarto: Evito..
Agradeço por me ensinar que Fama não é Glória,
Assim como Napoleão é um nome com História,
Mas para mim, não é nome bonito.

Mostrou-me nas ruas a corrupção em troca de favor,
Homicídio e terrorismo,
estupro mental e egocentrismo,
Enquanto a gente se esconde para fazer amor.

Viva as cores!
Viva a transformação errante!
Preocupe-se com o seu amante
Pois o resto se preocupa em nos mostrar horrores.


(Guilherme Reis Holanda)

sábado, 26 de julho de 2008

discussão monóloga para todos

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Amigo que um dia foi inteiro:
Agora temo e vejo os seus pedaços espalhados por aí...
Perdendo-se na curiosidade de drogas e puteiros,
Enquanto em sua face esvai a sincera felicidade de sorrir.

Dentre tantas outras coisas que em seus olhos me diziam
E foram afogadas pelo seu ego,
É bom te lembrar das conversas que iam e vinham:
Não acharás o sossego
Sem antes
Encontrar
Um Amor.


(Guilherme Reis Holanda)

sábado, 12 de julho de 2008

a procura é quase inimiga da perfeição.

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mais da fonte
não peço
do fundo do meu fantasma.
fui forte até o fim.
mas no final do dia,
ninguem ficou ao meu lado -
e eu sorri.
frio da noite -
foi-se a lua
e a fresta de sol
fitou-me na cama,
furou minhas pálpebras
e em boa hora falhou.
ficou ao meu lado
um fio de luz -
foi sonho?
e os olhos azuis
tiraram meu sono.
e foi assim,
que uma noite inteira de vida passada,
ganhei noites eternas.


(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 30 de junho de 2008

À Pátria

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Esses nossos céus
ensanguetados de luz
nos encantam
com gloria falsa.
E essas armas revolucionarias,
agora, apontam balas
para o nada.
E o sorriso instável,
que me invade
com certo preconceito,
e com minhas mãos nas palmas
ou atiradas em meu peito,
eu choro
pela bandeira
de minha pátria mãe febril.

(Guilherme Reis Holanda)

sexta-feira, 23 de maio de 2008

quarta-feira, 14 de maio de 2008

terça-feira, 29 de abril de 2008

Poema Seu

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I

andava distraído
sem rumo, sem sentido
procurando em um lago perdido
o reflexo do luar

em uma esquina de luz
minha incandecente alma pus
para que, embaixo de sombras de um capuz
meus olhos pudessem te encontrar

quando te vi, para mim
foi um lugar aconchegado
criei por você amor sem fim
tratei nosso coração orvalhado

como flores em primavera
seu limpido sorriso desabrochou
sem demora e sem espera
meu coração te ama, te amará e te amou

Donzela singular
Adoeço-me alegre em te ver
em você encontrei o luar
e contigo é que quero viver

Pois o sol que te irradia
tu refletes em todos nós
seja noite ou seja dia
dentro de mim, ter sua voz

perdoa meu erro
procuro me consertar
quando falo o que nao devo
tento somente te ajudar

de tu quero mais ouvir
e teu eterno ser
ao teu lado rir e sorrir
pois nao tenho o que temer

mas escuta com teu ouvido
e sinta com teu coração
pois pensares são concluidos
quando se tem atenção

e o brilho que em você eu vejo
seja como um caracol
que se alimenta com simples desejo.
Quero para sempre Íris Sol!

II

Mesmo que todas palavras sejam ditas,
Que todos olhares sejam trocados,
Que todas batidas sejam ouvidas,
Todos os males fulminados...

O quanto faz o teu calor
Nada pode explicar.
Como é divino o seu amor!
É ele que eu quero amar.

Dona do meu viver
A qual em seus braços quero ficar recaído
Faz-me sentir e ser
Tudo que não havia vivido.

Sol que me arde por dentro,
E me faz enxergar o caminho lá fora,
Por você, fico sempre atento
E desejo do teu beijo nunca mais ir embora!

Eternizar esta paixão
É o que preciso, e vou-lhe dizer
Que tu és quem tira minha solidão,
Minha musa, eu quero você!

(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Minotauros e Mortos-Vivos

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Trombones épicos arpejam
pelo calmante céu esmeraldado.
Minotauros em suas selas festejam
por um dia de revolução esperado.
Enquanto isso, longe ao norte
proclamando por vingança,
vive a sociedade da morte,
os cegos de última esperança.
Ao seu destino
caminharam os moribundos,
Acompanhados de filósofos
declamando sabedoria,
Escondendo-se em grutos imundos.
Depois de longa jornada pelos vales,
Os mortos chegaram ao coliseu.
Minotauros contra fantasmas buscando altares.
A guerra decisiva aconteceu.
Sangue jorrado pela tarde.
Céu-esmeralda tornou-se rubi.
Fantasmas com perseverança que arde,
Mostraram ao inimigo que seu lugar era ali.
O mais bravo dos Minotauros disse:
'Por que este erro?
Mesmo mais fortes
Nós morremos primeiro!'
E disse, dos Mortos-Vivos, o mais sábio:
'Sua vitória sem razão
procurando poder,
dependendo da minha mão,
não irá acontecer.
Mesmo mais fracos,
o certo sabemos.
embaixo destes meus trapos
incontrarás o seu pior veneno.'
Que assim seja.

(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ponto de Ônibus

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Cidade caída.
Conjunto em solidão berrante.
Uma cabeça penaliza
um caco de vida andante.
E os mortos que se arrastam
procurando um caminho achado,
Escrevem em um pergaminho sujo
o que, para eles, já é predestinado.
Enquanto isso, o observador
continua de cabeça erguida
Diante de um texto de terror
Sabendo que existe
uma infância perdida.
E o poeta sabe que
por mais da sua mente decida mostrar,
somente o próprio demente
pode se propagar pelo ar.

(Guilherme Reis Holanda)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tempo

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tempo.
criatura flexivel.
não é mais o antes de agora.
criação humana,
como toda desgraça,
e assim como o universo
está presente no todo
e não se altera por nada.
consome e some com eras.
Eras que são marcadas
pelo tempo.
Dono de muitos pensares,
de palavras jogadas
ao vento.
E que o tempo que perdi aqui
seja útil para outros.
Lembre: o tempo não ri, nem sorri.
Na verdade, é glória para poucos.

(Guilherme Reis Holanda)

Noite

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o insurdecente barulho da cidade
ressonando nas minhas entranhas.
acompanho os passos fora da verdade
- pessoas estranhas.
vento, chuva, escuridão e luz
fundem-se em um quadro azedo.
e nos cantos deste quadro me pûs
evitando os olhares de medo.

e o indigente moribundo
recebeu um boa noite meu.
sumiu o seu jeito vagabundo,
e humanamente simples
como ninguem, respondeu.
talvez o trabalhador ao lado
dirigisse a palavra à mim
apenas por um trocado
ou com desconfiança sem fim.

(Guilherme Reis Holanda)

Sol e Lua

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eternizados sejam os sóis!
pois só eles podem iluminar o caminho.
admiradas sejas as luas!
pois só elas podem encher a maré.
o sol some a agua
e a lua faz aparecer
mas o sol nao guarda mágoa
pois sabe que da lua é dever.
enquanto isso, calado
permanece o mar
para não se aborrecer...

(Guilherme Reis Holanda)

Um Novo Começo

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de todas as ideias banais
que consomem minha mente
e tornam sonhos esquecidos,
caixoes abertos em funerais
vistos por dementes..
são poetas adormecidos.
vontade de mostrar ao mundo
o segredo que nao se sabe
em um dedo vagabundo
adormece a nova chave.
misteriosos são os magos
que em ardida solidão
consomem suas mentes em âmago
do silêncio e da paixão.

(Guilherme Reis Holanda)

Delírio

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se cada barulho fosse musicado,
mesmo arpejos de um trovão,
o homem sem caminho a ser trilhado
acharia a resposta em um violão.
se cada violão fosse seresta
numa calçada ou de frente ao mar,
boémios viveriam em festa
por ter a mulher que querem amar.
se cada momento fosse vivido
com intensa dedicação,
a chave de um coração partido
não seria o medo de viver em vão.
se cada medo fosse visto
com alegria e com fervor,
não existiria o precipicio
nem o vago, nem o terror.
se o dia não clareasse,
a noite seguiria?
se o poeta não acordasse,
quem o acordaria?
se as folhas não caissem,
a árvore ia sustentar?
e se eu me negasse,
a morte ia me amar?
delirar nesta fantasia,
fugir da verdade.
quem sabe assim um dia
montaremos o quebra-cabeça da felicidade.

(Guilherme Reis Holanda)

Alberno Sonhador

.
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Alberno,
homem sonhador,
conhecia a importância do amor...
Morador do agreste,
zona mórbida do nordeste,
trabalhava noite e dia
para ganhar sua mixaria
e sem poder contestar!
Se viu como escravo,
e ao inves disso,
decidiu se civilizar.
Deu cantiga e fez festa
ao ver que seu trabalho de cobre
de tempos atrás na mãe floresta
gerou-lhe dinheiro nobre
para uma passagem de trinta dias
em direção ao sul
e mais uma casa de pobre
no municipio Barra do Rio Azul.

Depois de muito sofrimento
causado por raios, fome e vento,
chegou em terras gaúchas
e percebeu o movimento da cidade
que parecia em inerte dia de bruxas
e começou a duvidar da suposta verdade.

Cultura era cara...
Tinha pouco dinheiro para ver
os esculpidos em carrara
E o arrependimento foi bater
na porta do pequeno sonhador
que encontrou sua salvação
em um humilde pastor.

Pastor Assunção,
poderia ser chamado de 'irmão',
falou ao Alberno
contos sobre o céu e o inferno,
contendo batalhas colossais
entre o diabo e os nossos ancestrais.
Batalhas travadas em nome de Deus
mostrando falta de fundamento
na teoria dos Ateus.
Adquirido conhecimento,
do Senhor, Alberno virou refém.
Aprendeu a rezar e a dizer Amém.

Manhã chuvosa,
segurava o seu pão.
Cara gulosa
que queria o perdão
de quem esqueceu a sua infancia
entre planicies nordestinas.
Arrependido de ganancias
e de procura por novas sinas.
Caboclo armado,
com olhar perdido pelo tempo,
pediu um trocado
para o descosolado Alberno.
Sem poder argumentar,
depois de ouvir um 'Não',
caboclo atingiu nordestino
perto do coração.
Segundos eram horas
enquanto gritos irradiantes
penetravam na sua mente
e pensamentos perturbantes
sumiam lentamente.

Quem diria!
Sair do sertão
em direção à cultura
e parar no grande portão.
Portão dourado
jazia sobre as nuvens
e uma voz ao lado
chamou a atenção.
'Identifique-se',
disse o Anjo.
Voz rude,
sem compaixão.
Não era essa voz de Anjo
que ouvia em canção.
'Sou Alberno,
cidadão trabalhador.
Viajei por sete cantos,
injusto eu sentir esta dor.'
'E quem disse que a vida é justa?'
Disse o Anjo ao rapaz.
'Fico neste portão o dia inteiro
deixando entrar almas que querem sossego
e não um capataz.
Se és trabalhador,
o que fazer aqui?
Dê meia volta e até mais.'

Trabalhador confuso
sentiu-se um intruso
em frente ao portão do paraíso.
Nada é perfeito,
disse a si mesmo,
e quis conhecer a entrada do abismo.
Voz bela e feminina
na entrada do inferno,
o fascina.
Alberno disse
'eu conheço seu jogo desleal,
finges fazer o bem
mas quer meu mal.
Não caio no seu truque,
criatura sombria,
só vim visitar-te
e dizer que nunca farei parte
dessa sua orgia.'

Homem desnecessário
para o sobrenatural,
Foi mandado de volta
para o seu corpo em pleno funeral.
Levantou-se do seu caixão e
explicou para a multidão
'Nem todo Anjo
é adorável como parece.
E tome cuidado!
Ou sua alma,
no mau, apodrece.'

Pela influencia da sua voz,
o povo decidiu desembolar alguns nós.
Revolução ocorreu
e o sangue dos seus ouvintes
escorreu.
Nada mudou.
E como sonhador,
conhecido Alberno ficou.
Cantiga do nordeste
que começa no Agreste
diz aquilo que te intimida:
A realidade é fria
mas não é para ser temida.
Assim dizia Alberno,
O homem que percorreu o céu
e o inferno.

(Guilherme Reis Holanda)

Jovem Leitor

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.
Jovem leitor
Angustia implantada na dor
entre o senso e o coração
e como parasitas,
as duvidas e as mágoas
o fazem se afogar nas palavras
de um velho ou um novo começo
e as usa como apoio
procurando o equilibrio perfeito
entre o pensar e o mundo.
Jovem Leitor
procurando voz na escrita
aquele que não se sucumbe
e grita.
grito fulminante
rasgando o céu noturno
seja ouvido distante
fortalecendo o certo
entre o pesar e o mudo.

(Guilherme Reis Holanda)

Mundo Atual

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Materialismo
palavra derivada da matéria
que é a grande culpada da miséria
e faz o mundo atual girar.

Egocentrismo
palavra denominada ao ser no abismo
que para o seu bem,
fere seu semelhante com um espinho ou mais de cem
e faz o mundo atual girar.

Hipocrisia
atitude de gente vazia.
que se cega e diz 'quem diria'
e de qualquer jeito,
deixa o mundo atual girar.

Mundo sem pena.
somos incluidos nesse sistema
sem coração e sem piedade.
deixemos de lado a nossa vaidade
e como um poeta faremos nossa parte
para o mundo atual dançar.

(Guilherme Reis Holanda)

Porquê 'poesias imortais'?

A internet é o único lugar onde se adquire imortalidade.
A idéia 'poesias imortais' vem do fato de se um dia eu perder essas poesias, elas continuarão guardadas neste blog por tempo indeterminado.