quarta-feira, 21 de abril de 2010

Catarse

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pego os meus cabelos,
os puxo. dane-se o estrago que faça!
com expressão de desespero
me sinto arrancando uma carapaça.
esqueço e deformo por um instante a idéia de vaidade que tive um dia.
lagrimas retorcidas descem a minha face.
tento fazer da escrita uma catarse
pra me libertar das infindáveis dores que sinto nessa noite fria.

me lembro do que fiz..
sou banal. um escrúpulo.
arquitectei, construí, sepultei um sentimento em, de mármore, um túmulo.

ácida corrosão me trás tal dor!
eu, pensando que sabia tanto do amor,
fiz essa rima idiota.

agora, meus desencantadíssimos sonhos, como um todo, são reais.
sinto como a vida leva e trás
a morte pra bater em nossa porta..

bato no peito
apesar de ficar sem ar.
olho por cima
apesar de nada enxergar.
respiro com vontade
apesar de nenhum cheiro aproveitar.
reconheço que isso é o futuro..

caminho nesse vão do nada mais
e nao esqueço do que vem por trás:
são as lembranças projetadas no vazio do escuro.


(Guilherme Reis Holanda)

Um comentário:

Gabriel Holanda disse...

a vida tem dessas coisas... homens bons traçam à sua volta um círculo que engloba a si, seus filhos e esposa. homens melhores, englobam ainda parentes. homens superiores, ainda englobam amigos. já os santificados (e só a dor traz a santificação) englobam até onde a vista alcança. que tipo de homens somos? que tipo gostaríamos de ser? e mais: que tipo realmente tentamos ser?