segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sonho alado no céu coreano

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Tive um dia de sonhador!
Maluco que sou, sonhei acordado com um vôo planar..
Tive a sorte de me ver voar
Pelos cantos de onde nao vivi!
Curiosamente, de cima, não era a paisagem que me excitava
E sim um cheiro encomodante que senti por onde eu passava
E, sobre ele, refleti:

Era o cheiro da lembrança!
Lembrança daqueles que chamo de amigo..
Estes sim, me ensinaram a dançar a dança
Da vida! E é neles que contruo meu abrigo..

Mas, não era este o odor que realmente me encomodou ao voar..

Sendo assim, continuei a vasculhar minha mente
E achei um odor que poderia ser o que me chateava..
Era o odor das máquinas e do estaleiro que trabalhava
Num ritmo frenético, massante e insensivelmente.
Cheiro de fumaça. Ferro quente!
Mas também nao era este que me preocupava..

Depois, percebi onde se batiam as ideias do meu mundo..
Pessoas com o seu odor imundo
Se debatiam, epileticas, exalando tal essência pútrida no ar..
Não culpo todas! Há um grupo seleto
Que fazem do resto dejeto
E não percebem seu papel fétido de decompositores do Amar..
Decompositores da compaixão. Da igualdade. Do bem-estar..

E é no meio de toda esta canificina humana que me encontro!
Caí do vôo, desajeitado.. Derrapei, comi terra, fiquei tonto
E nesse mar de amebas flácidas estou preso desde então..
Nessa ira de estética, fortuna, exibicionismo, possessão e consumismo
Existem privilegiados canibais. Outros milhões se afogam no abismo
E num ciclo vicioso impedem os sonhadores de voar com o cheiro da podridão.


(Guilherme Reis Holanda)

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