terça-feira, 29 de abril de 2008

Poema Seu

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I

andava distraído
sem rumo, sem sentido
procurando em um lago perdido
o reflexo do luar

em uma esquina de luz
minha incandecente alma pus
para que, embaixo de sombras de um capuz
meus olhos pudessem te encontrar

quando te vi, para mim
foi um lugar aconchegado
criei por você amor sem fim
tratei nosso coração orvalhado

como flores em primavera
seu limpido sorriso desabrochou
sem demora e sem espera
meu coração te ama, te amará e te amou

Donzela singular
Adoeço-me alegre em te ver
em você encontrei o luar
e contigo é que quero viver

Pois o sol que te irradia
tu refletes em todos nós
seja noite ou seja dia
dentro de mim, ter sua voz

perdoa meu erro
procuro me consertar
quando falo o que nao devo
tento somente te ajudar

de tu quero mais ouvir
e teu eterno ser
ao teu lado rir e sorrir
pois nao tenho o que temer

mas escuta com teu ouvido
e sinta com teu coração
pois pensares são concluidos
quando se tem atenção

e o brilho que em você eu vejo
seja como um caracol
que se alimenta com simples desejo.
Quero para sempre Íris Sol!

II

Mesmo que todas palavras sejam ditas,
Que todos olhares sejam trocados,
Que todas batidas sejam ouvidas,
Todos os males fulminados...

O quanto faz o teu calor
Nada pode explicar.
Como é divino o seu amor!
É ele que eu quero amar.

Dona do meu viver
A qual em seus braços quero ficar recaído
Faz-me sentir e ser
Tudo que não havia vivido.

Sol que me arde por dentro,
E me faz enxergar o caminho lá fora,
Por você, fico sempre atento
E desejo do teu beijo nunca mais ir embora!

Eternizar esta paixão
É o que preciso, e vou-lhe dizer
Que tu és quem tira minha solidão,
Minha musa, eu quero você!

(Guilherme Reis Holanda)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Minotauros e Mortos-Vivos

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Trombones épicos arpejam
pelo calmante céu esmeraldado.
Minotauros em suas selas festejam
por um dia de revolução esperado.
Enquanto isso, longe ao norte
proclamando por vingança,
vive a sociedade da morte,
os cegos de última esperança.
Ao seu destino
caminharam os moribundos,
Acompanhados de filósofos
declamando sabedoria,
Escondendo-se em grutos imundos.
Depois de longa jornada pelos vales,
Os mortos chegaram ao coliseu.
Minotauros contra fantasmas buscando altares.
A guerra decisiva aconteceu.
Sangue jorrado pela tarde.
Céu-esmeralda tornou-se rubi.
Fantasmas com perseverança que arde,
Mostraram ao inimigo que seu lugar era ali.
O mais bravo dos Minotauros disse:
'Por que este erro?
Mesmo mais fortes
Nós morremos primeiro!'
E disse, dos Mortos-Vivos, o mais sábio:
'Sua vitória sem razão
procurando poder,
dependendo da minha mão,
não irá acontecer.
Mesmo mais fracos,
o certo sabemos.
embaixo destes meus trapos
incontrarás o seu pior veneno.'
Que assim seja.

(Guilherme Reis Holanda)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ponto de Ônibus

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Cidade caída.
Conjunto em solidão berrante.
Uma cabeça penaliza
um caco de vida andante.
E os mortos que se arrastam
procurando um caminho achado,
Escrevem em um pergaminho sujo
o que, para eles, já é predestinado.
Enquanto isso, o observador
continua de cabeça erguida
Diante de um texto de terror
Sabendo que existe
uma infância perdida.
E o poeta sabe que
por mais da sua mente decida mostrar,
somente o próprio demente
pode se propagar pelo ar.

(Guilherme Reis Holanda)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Tempo

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tempo.
criatura flexivel.
não é mais o antes de agora.
criação humana,
como toda desgraça,
e assim como o universo
está presente no todo
e não se altera por nada.
consome e some com eras.
Eras que são marcadas
pelo tempo.
Dono de muitos pensares,
de palavras jogadas
ao vento.
E que o tempo que perdi aqui
seja útil para outros.
Lembre: o tempo não ri, nem sorri.
Na verdade, é glória para poucos.

(Guilherme Reis Holanda)

Noite

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o insurdecente barulho da cidade
ressonando nas minhas entranhas.
acompanho os passos fora da verdade
- pessoas estranhas.
vento, chuva, escuridão e luz
fundem-se em um quadro azedo.
e nos cantos deste quadro me pûs
evitando os olhares de medo.

e o indigente moribundo
recebeu um boa noite meu.
sumiu o seu jeito vagabundo,
e humanamente simples
como ninguem, respondeu.
talvez o trabalhador ao lado
dirigisse a palavra à mim
apenas por um trocado
ou com desconfiança sem fim.

(Guilherme Reis Holanda)

Sol e Lua

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eternizados sejam os sóis!
pois só eles podem iluminar o caminho.
admiradas sejas as luas!
pois só elas podem encher a maré.
o sol some a agua
e a lua faz aparecer
mas o sol nao guarda mágoa
pois sabe que da lua é dever.
enquanto isso, calado
permanece o mar
para não se aborrecer...

(Guilherme Reis Holanda)

Um Novo Começo

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de todas as ideias banais
que consomem minha mente
e tornam sonhos esquecidos,
caixoes abertos em funerais
vistos por dementes..
são poetas adormecidos.
vontade de mostrar ao mundo
o segredo que nao se sabe
em um dedo vagabundo
adormece a nova chave.
misteriosos são os magos
que em ardida solidão
consomem suas mentes em âmago
do silêncio e da paixão.

(Guilherme Reis Holanda)

Delírio

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se cada barulho fosse musicado,
mesmo arpejos de um trovão,
o homem sem caminho a ser trilhado
acharia a resposta em um violão.
se cada violão fosse seresta
numa calçada ou de frente ao mar,
boémios viveriam em festa
por ter a mulher que querem amar.
se cada momento fosse vivido
com intensa dedicação,
a chave de um coração partido
não seria o medo de viver em vão.
se cada medo fosse visto
com alegria e com fervor,
não existiria o precipicio
nem o vago, nem o terror.
se o dia não clareasse,
a noite seguiria?
se o poeta não acordasse,
quem o acordaria?
se as folhas não caissem,
a árvore ia sustentar?
e se eu me negasse,
a morte ia me amar?
delirar nesta fantasia,
fugir da verdade.
quem sabe assim um dia
montaremos o quebra-cabeça da felicidade.

(Guilherme Reis Holanda)

Alberno Sonhador

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Alberno,
homem sonhador,
conhecia a importância do amor...
Morador do agreste,
zona mórbida do nordeste,
trabalhava noite e dia
para ganhar sua mixaria
e sem poder contestar!
Se viu como escravo,
e ao inves disso,
decidiu se civilizar.
Deu cantiga e fez festa
ao ver que seu trabalho de cobre
de tempos atrás na mãe floresta
gerou-lhe dinheiro nobre
para uma passagem de trinta dias
em direção ao sul
e mais uma casa de pobre
no municipio Barra do Rio Azul.

Depois de muito sofrimento
causado por raios, fome e vento,
chegou em terras gaúchas
e percebeu o movimento da cidade
que parecia em inerte dia de bruxas
e começou a duvidar da suposta verdade.

Cultura era cara...
Tinha pouco dinheiro para ver
os esculpidos em carrara
E o arrependimento foi bater
na porta do pequeno sonhador
que encontrou sua salvação
em um humilde pastor.

Pastor Assunção,
poderia ser chamado de 'irmão',
falou ao Alberno
contos sobre o céu e o inferno,
contendo batalhas colossais
entre o diabo e os nossos ancestrais.
Batalhas travadas em nome de Deus
mostrando falta de fundamento
na teoria dos Ateus.
Adquirido conhecimento,
do Senhor, Alberno virou refém.
Aprendeu a rezar e a dizer Amém.

Manhã chuvosa,
segurava o seu pão.
Cara gulosa
que queria o perdão
de quem esqueceu a sua infancia
entre planicies nordestinas.
Arrependido de ganancias
e de procura por novas sinas.
Caboclo armado,
com olhar perdido pelo tempo,
pediu um trocado
para o descosolado Alberno.
Sem poder argumentar,
depois de ouvir um 'Não',
caboclo atingiu nordestino
perto do coração.
Segundos eram horas
enquanto gritos irradiantes
penetravam na sua mente
e pensamentos perturbantes
sumiam lentamente.

Quem diria!
Sair do sertão
em direção à cultura
e parar no grande portão.
Portão dourado
jazia sobre as nuvens
e uma voz ao lado
chamou a atenção.
'Identifique-se',
disse o Anjo.
Voz rude,
sem compaixão.
Não era essa voz de Anjo
que ouvia em canção.
'Sou Alberno,
cidadão trabalhador.
Viajei por sete cantos,
injusto eu sentir esta dor.'
'E quem disse que a vida é justa?'
Disse o Anjo ao rapaz.
'Fico neste portão o dia inteiro
deixando entrar almas que querem sossego
e não um capataz.
Se és trabalhador,
o que fazer aqui?
Dê meia volta e até mais.'

Trabalhador confuso
sentiu-se um intruso
em frente ao portão do paraíso.
Nada é perfeito,
disse a si mesmo,
e quis conhecer a entrada do abismo.
Voz bela e feminina
na entrada do inferno,
o fascina.
Alberno disse
'eu conheço seu jogo desleal,
finges fazer o bem
mas quer meu mal.
Não caio no seu truque,
criatura sombria,
só vim visitar-te
e dizer que nunca farei parte
dessa sua orgia.'

Homem desnecessário
para o sobrenatural,
Foi mandado de volta
para o seu corpo em pleno funeral.
Levantou-se do seu caixão e
explicou para a multidão
'Nem todo Anjo
é adorável como parece.
E tome cuidado!
Ou sua alma,
no mau, apodrece.'

Pela influencia da sua voz,
o povo decidiu desembolar alguns nós.
Revolução ocorreu
e o sangue dos seus ouvintes
escorreu.
Nada mudou.
E como sonhador,
conhecido Alberno ficou.
Cantiga do nordeste
que começa no Agreste
diz aquilo que te intimida:
A realidade é fria
mas não é para ser temida.
Assim dizia Alberno,
O homem que percorreu o céu
e o inferno.

(Guilherme Reis Holanda)

Jovem Leitor

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Jovem leitor
Angustia implantada na dor
entre o senso e o coração
e como parasitas,
as duvidas e as mágoas
o fazem se afogar nas palavras
de um velho ou um novo começo
e as usa como apoio
procurando o equilibrio perfeito
entre o pensar e o mundo.
Jovem Leitor
procurando voz na escrita
aquele que não se sucumbe
e grita.
grito fulminante
rasgando o céu noturno
seja ouvido distante
fortalecendo o certo
entre o pesar e o mudo.

(Guilherme Reis Holanda)

Mundo Atual

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Materialismo
palavra derivada da matéria
que é a grande culpada da miséria
e faz o mundo atual girar.

Egocentrismo
palavra denominada ao ser no abismo
que para o seu bem,
fere seu semelhante com um espinho ou mais de cem
e faz o mundo atual girar.

Hipocrisia
atitude de gente vazia.
que se cega e diz 'quem diria'
e de qualquer jeito,
deixa o mundo atual girar.

Mundo sem pena.
somos incluidos nesse sistema
sem coração e sem piedade.
deixemos de lado a nossa vaidade
e como um poeta faremos nossa parte
para o mundo atual dançar.

(Guilherme Reis Holanda)

Porquê 'poesias imortais'?

A internet é o único lugar onde se adquire imortalidade.
A idéia 'poesias imortais' vem do fato de se um dia eu perder essas poesias, elas continuarão guardadas neste blog por tempo indeterminado.